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15 de out. de 2009

Mais um novo livro de Andrew Collins - Parte 1


(Copyright da capa: Andrew Collins, 2009)

Andrew Collins e Nigel Skinner-Simpson acabam de se transformar na bola da vez do jogo de sinuca da Egiptologia. Eles redescobriram, juntamente com Sue Collins - esposa de Andrew Collins - uma antiga rede de cavernas, passagens e compartimentos se espalhando por debaixo do planalto de Gizé a partir de um túmulo também redescoberto no oeste do Cemitério Ocidental da Grande Pirâmide. Mas "redescoberta" não é termo justo para o caso deles. Na verdade, trata-se de uma descoberta excepcional cujas implicações surpreendentes ainda estarão sendo discutidas pelos próximos anos ou décadas.

E para onde é que essa misteriosa rede nos leva? Bem, isso é algo que eles não irão revelar, pelo menos por enquanto. Exceto por fotos de paredes da caverna, de morcegos gigantes e aranhas venenosas não vamos saber muito sobre essa descoberta. Collins acaba de lançar um novo livro chamado "Beneath the Pyramids - Egypte's Greatest Secret Uncovered", ainda sem tradução para o Português, e, como não poderia deixar de ser, ele irá contar os detalhes da coisa toda só para seus leitores. Como era de se esperar, Collins é um escritor profissional que se comporta muito profissionalmente.

Andrew Collins é um pesquisador de renome e um escritor muito eloquente que já escreveu muitos livros e artigos sobre diversos assuntos, principalmente sobre a história do Egito antigo. "Beneath the Pyramids", sua mais recente produção, trata de uma correlação ele começou a investigar há alguns anos entre a posição relativa dos ápices das pirâmides do platô de Gizé e as estrelas da constelação do Cisne. A Correlação Cisne-Gizé, como ficou conhecida, acabou por levá-lo ao chamado "Túmulo das Aves".


A entrada do Túmulo dos Pássaros, designada como NC 2 pela equipe de Reisner.
(Copyright da foto: Andrew Collins, 2009)

Os edifícios, templos e túmulos do Egito Antigo têm um simbolismo hermético cujo significado secreto egiptólogos de todo o mundo têm tentado decifrar há um longo tempo. Se você olhar para uma vista aérea do planalto de Gizé notará que as pirâmides e a Esfinge não foram distribuídas aleatoriamente sobre a topografia do terreno. Quase instintivamente, você será levado a considerar que tudo foi construído de acordo com um mesmo plano.

Mas, que plano?

Os templos do Antigo Egito foram alinhados de forma tão precisa com eventos astronômicos que as pessoas puderam definir suas agendas políticas, econômicas e religiosas por eles. Foi o que encontrou um estudo de 650 templos, alguns quais datando de 3000 AC. Astrônomos do Observatório de Helwan, no Cairo, concluíram que os templos estão todos alinhados de acordo com um evento astronomicamente significativo, por exemplo, o solstício ou equinócio ou o surgimento de Sírius, a estrela mais brilhante no céu. Por exemplo, o Ano Novo coincide com o momento em que a luz solar do solstício de inverno atinge o santuário central do templo de Karnak, na atual Luxor.

As pirâmides de Gizé não seriam exceção.

Desde tempos faraônicos que a Grande Pirâmide tem sido associada às estrelas. Seus dutos de ar e seu corredor descendente foram projetados para se alinharem com as estrelas. Tão antigas quanto a Idade Média, sabe-se de romarias de adoradores de estrelas, chamados Sabaeans, que vieram da Síria para Gizé para venerar a Grande Pirâmide como expressão específica de uma estrela.

Em 1993, quando Robert Bauval e Adrian Gilbert, em seu livro best-seller "O Mistério de Orion" viu as três estrelas do "cinturão" de Orion (observação: o cinturão de Orion é conhecido como "Três Marias") como a definição do plano básico do Pirâmides de Gizé, a hipótese foi recebida com entusiasmo cauteloso. No entanto, nem todos estavam convencidos da "Teoria da Correlação de Orion".

Entre os discordantes estava o engenheiro Rodney Hale, um amigo e colega de Collins. Como Hale demonstrou muitas vezes, a precisão da hipótese de Bauval não atinge critérios mínimos de aceitação. Hale tentou sobrepor as estrelas do cinturão de Orion em cima de um plano das Pirâmides de Gizé. Foi fácil fazer as estrelas Alnitak e Alnilam  coincidirem com os ápices da Grande Pirâmide e da Segunda Pirâmide, mas a terceira estrela, Mintaka, ficou aquém da marcação do ápice da Terceira Pirâmide. Na verdade, ela nem sequer atingiu a pirâmide. Estender essa sobreposição terra-céu para incorporar outras pirâmides próximas, foi ainda menos significativo.




Posição das estrelas do "cinturão" de Orion sobrepondo-se às pirâmides de Gizé, como feito por Rodney Hale, em 1995, usando tanto uma fotografia real das estrelas e como elas aparecem no programa Skyglobe 3,5.
(Copyright da imagem: Rodney Hale, 2009 )

Quando a Correlação Cisne-Gizé de Collins foi publicada em seu livro "Cygnus Mystery", ainda sem tradução para o Português, em 2006, criou-se um debate feroz envolvendo o próprio Robert Bauval e seus partidários, levando à questão se seria a constelação do Cisne ou a de Orion a que melhor explicaria o quadro de Gizé. Collins percebeu, então, que seria necessário revisar suas afirmações referentes à constelação do Cisne.

Enquanto trabalhava com Collins para compreender a importância da constelação de Cisne na mentalidade antiga (observação: a constelação do Cisne é facilmente visível nos céus da região Norte do Brasil, durante o verão), Rodney Hale teve um lampejo de inspiração. Ele se perguntou o que aconteceria se as três principais estrelas da “asa” do Cisne - Gienah (Epsilon Cygni), Sadr (Gamma Cygni) e Delta Cygni - que formam um arranjo semelhante ao das estrelas do cinturão de Orion, fossem sobrepostas à área das pirâmides de Gizé.



Mapa de Lepsius, de 1842, mostrando as estrelas da constelação do Cisne, em veremelho, sobrepostas às pirâmides de Gizé. Observe o local em que Deneb obscurece LG14, mastaba da borda do Cemitério Ocidental.

(Copyright da imagem: Nigel Skinner-Simpson, 2009. Cortesia da sobreposição: Rodney Hale, 2009).

A resposta foi que as estrelas acompanharam muito bem as posições geográficas das três pirâmides principais, melhor ainda que as de Orion. Além disso, a partir de uma posição sudeste do platô, durante a época em que as pirâmides foram construídas, essas mesmas três estrelas podiam ser vistas como fixadas a cada noite nos ápices de suas respectivas pirâmides. Ainda mais, outra estrela-chave na constelação do Cisne, Albireo, a segunda mais brilhante da constelação, situada na base do desenho cruciforme da constelação, coincidiu com o alto de Gebel Gibli.





A brilhante estrela Deneb ajusta-se ao ápice da pirâmide, como era vista do cume de Gebel Gibli durante a época da construção das pirâmides. Observe o fluxo de estrelas da Via Láctea em torno da base da própria pirâmide.
(Copyright da imagem: Andrew Collins/Rodney Hale, 2009)

Espere um minuto. Gebel Gibli? Você sabe o que é Gebel Gibli?

Continua na parte 2, acima.

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